Foto: Redes Sociais da cantora Claudia Leitte
O Ministério Público da Bahia recebeu uma denúncia contra a cantora Claudia Leitte, de 44 anos, que será analisada por uma promotora. A denúncia acusa a cantora de adotar uma postura discriminatória ao substituir o termo "Iemanjá", orixá dos mares, na letra da música "Caranguejo". Em vez de "Saudando a rainha Iemanjá", Claudia Leitte cantou "Eu canto meu Rei Yeshua", sendo Yeshua uma palavra hebraica associada ao nome original de Jesus Cristo. A denúncia foi formalizada por Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras). Eles consideram a alteração da letra um ato difamatório, degradante e discriminatório, que pode ser investigado sob a acusação de intolerância religiosa e racismo religioso.O advogado Ricardo Vieira de Souza comentou sobre o caso, afirmando que a denúncia está sendo analisada pela promotora Lívia Sant'Anna Vaz. Caso a promotora considere válida, o Ministério Público da Bahia pode apresentar uma denúncia formal, iniciando investigações sobre possíveis crimes. A decisão dependerá da análise de provas, e somente após isso serão definidos eventuais crimes cometidos.O advogado das partes que formalizaram a denúncia, Hédio Silva Jr, ressaltou que a alteração na letra não foi um improviso, indicando que não se tratou de uma criação artística ou improvisação de Claudia Leitte. Segundo ele, a letra da música "Caranguejo" não foi registrada oficialmente no ECAD com essa modificação, o que pode levar a uma acusação de falsidade ideológica, caso a alteração seja confirmada sem a devida autorização.O episódio ganhou atenção pública após um vídeo da cantora viralizar nas redes sociais. A situação ocorreu durante um show de ensaio de verão no Candyall Guetho Square, em Salvador, no último sábado (14), e também foi registrada em fevereiro deste ano.O caso gerou reações, incluindo a do secretário de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho, que em suas redes sociais afirmou que a alteração da letra da música e a exclusão dos nomes dos orixás configura uma atitude de racismo, especialmente quando um artista se beneficia da cultura negra e, de repente, tenta reescrever a história ao apagar os elementos dessa cultura das músicas.