Presidente da Câmara dos Deputados questionou a interpretação de que episódio tenha sido uma tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro defende anistia para presos do 8 de Janeiro como questão humanitária, não política
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que a anistia aos detidos pelos atos de 8 de Janeiro deve ser vista como uma questão humanitária, e não política. A afirmação foi feita após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), questionar a interpretação do episódio como uma tentativa de golpe de Estado. "Que Deus continue iluminando o nosso presidente Hugo Motta, bem como pais e mães voltem a abraçar seus filhos brevemente. Essa anistia não é política, é humanitária", afirmou Bolsonaro em uma mensagem enviada por WhatsApp. Na última sexta-feira (7), Hugo Motta afirmou que os eventos de 8 de Janeiro foram atos de vandalismo e baderna, sem a configuração de um golpe de Estado. Segundo ele, um golpe exige coordenação e liderança, o que, em sua visão, não ocorreu na ocasião. "O que aconteceu não pode se repetir. Foi uma agressão às instituições, algo inimaginável. Agora, dizer que foi um golpe? Um golpe precisa de um líder, de alguém estimulando, além do apoio de outras instituições, e isso não existiu", disse o parlamentar em entrevista à rádio Arapuan FM.
PL da Anistia segue sem definição
O Projeto de Lei (PL) da Anistia segue parado na Câmara, sem previsão de votação. Hugo Motta revelou que já discutiu o tema com Bolsonaro, que defende que a matéria seja apreciada pelos deputados. O presidente da Câmara reconheceu que a proposta gera divisões no Congresso e tensão com outros Poderes. "Esse tema divide opiniões e causa tensionamento com o Executivo e o Judiciário, por isso tratamos com cautela. Não posso afirmar se será pautado na próxima semana ou não. O diálogo precisa ser constante", ponderou Motta. O deputado também chamou atenção para o que considera um "desequilíbrio" nas condenações dos envolvidos nos atos. Para ele, é necessário punir aqueles que causaram danos ao patrimônio público, mas sem excessos na aplicação das penas. "Uma senhora que apenas passou em frente ao palácio e não arremessou uma pedra não pode receber uma pena de 17 anos em regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso", argumentou. Por fim, Hugo Motta defendeu que as pessoas responsáveis por depredações sejam devidamente punidas, mas ressaltou a importância de evitar penalidades excessivas para aqueles que não tiveram participação direta nos atos de violência.