A declaração ocorre em um momento em que o conflito no leste europeu se aproxima de seu terceiro ano
Zelensky admite possibilidade de renúncia em troca da paz e adesão da Ucrânia à OTAN
Neste domingo (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mencionou pela primeira vez a possibilidade de renunciar ao cargo caso isso resultasse no fim da guerra e na adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Durante uma entrevista coletiva em Kiev, o líder ucraniano afirmou que não pretende se manter no poder por um longo período e que estaria disposto a deixar a presidência se essa fosse a condição para alcançar a paz. "Se for pelo bem da paz na Ucrânia e se realmente quiserem que eu deixe o cargo, estou pronto para isso. Além disso, se houver a possibilidade de trocar a presidência pela entrada da Ucrânia na OTAN, farei isso imediatamente. Não planejo permanecer no poder por décadas", declarou Zelensky. A declaração do presidente ocorre em um momento crítico, com a guerra se aproximando de seu terceiro ano. O pronunciamento também vem após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerir a realização de novas eleições na Ucrânia, citando uma suposta crise de popularidade enfrentada por Zelensky. Durante a coletiva, o presidente ucraniano também comentou sobre a proposta de Trump de permitir que os Estados Unidos explorem minerais ucranianos em troca de apoio militar. No entanto, Zelensky ressaltou que preferiria a presença de tropas americanas lutando ao lado das forças ucranianas. O envio de militares ocidentais à Ucrânia é um tema delicado, visto que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já alertou que interpretaria tal ação como uma declaração de guerra. Apesar disso, Zelensky destacou que espera um papel mais ativo de Trump no processo de paz, enfatizando que "ser apenas um mediador não é o suficiente".
Negociações e cenário atual do conflito
A aproximação entre Washington e Moscou para discutir o fim da guerra surpreendeu tanto a Ucrânia quanto a Europa, que demonstraram insatisfação por não terem sido incluídas nas negociações. O conflito, prestes a completar três anos, tem se desenvolvido em diversas fases, com ameaças a Kiev, ataques e contraofensivas ucranianas em território russo. No entanto, não houve avanços significativos de nenhum dos lados. Atualmente, a Rússia ocupa cerca de 20% do território ucraniano, mantendo posições estratégicas sem conseguir expandir seu domínio ou ser expulsa pelas forças de defesa da Ucrânia.