Chefes do Executivo de Pernambuco e da Bahia aparecem atrás de adversários de famílias tradicionais em pesquisa
Governadores do Nordeste enfrentam desafios eleitorais apesar de boa aprovação
Mesmo contando com aprovação popular, os governadores de Pernambuco e Bahia ainda não conseguem transformar esse apoio em vantagem eleitoral. Raquel Lyra (PSDB) e Jerônimo Rodrigues (PT), que pretendem disputar a reeleição em 2026, encaram adversários locais com grande força política, segundo pesquisas recentes da Genial/Quaest. Lyra, que será filiada ao PSD na próxima segunda-feira, tem 51% de aprovação, mas aparece atrás do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que lidera com 56% das intenções de voto contra 28% da governadora. Já Jerônimo, aprovado por 61% da população baiana, enfrenta uma disputa mais equilibrada contra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), que tem 42% na pesquisa, contra 38% do atual governador.
O peso das máquinas e a influência regional
João Campos e ACM Neto são nomes consolidados em seus estados. O prefeito recifense, em seu segundo mandato, amplia sua popularidade na Região Metropolitana e busca expandir sua influência para o interior. Neto, por sua vez, deixou a Prefeitura de Salvador em 2020, após eleger Bruno Reis (União Brasil) como sucessor, e tenta recuperar o espaço perdido na última eleição estadual, quando foi superado pela força do PT na Bahia. Em 2022, Neto começou a campanha como favorito e liderava as pesquisas, mas acabou derrotado por Jerônimo Rodrigues, impulsionado pelo apoio de Lula e pelo histórico petista no governo estadual. Agora, a situação pode ser diferente: a aprovação do presidente caiu 19 pontos na Bahia nos últimos dois meses, chegando a 47%, o que pode impactar a disputa de 2026. No entanto, ainda é cedo para saber se essa queda será duradoura. Em 2022, Lula venceu Bolsonaro na Bahia por ampla margem (72% a 28%), e o PT governa o estado desde 2007, com gestões de Jaques Wagner, Rui Costa e, agora, Jerônimo Rodrigues.
Mudança partidária e estratégias políticas
Em Pernambuco, o cenário tem dinâmicas diferentes. Sem uma polarização nacional clara, Raquel Lyra optou por deixar o PSDB para se filiar ao PSD, movimento que busca uma aproximação com Lula e pode facilitar alianças para 2026. Sua filiação ao partido acontecerá em um evento com a presença de ministros da sigla. Lyra vinha sendo incentivada por setores do PT, especialmente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. No entanto, João Campos é um aliado estratégico de Lula e assumirá em breve a presidência nacional do PSB, o que pode fortalecer ainda mais seu peso político nas negociações eleitorais. O maior desafio da governadora pernambucana é a comparação com Campos, que goza de alta popularidade e carrega o legado político de sua família. Filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto de Miguel Arraes, o prefeito do Recife conta com um recall positivo entre os eleitores do estado.
Tendências e desafios para os próximos meses
Aliados de Raquel Lyra apostam nos investimentos do governo estadual para equilibrar a disputa. Entretanto, apontam desafios na condução da gestão, considerada centralizadora. Além disso, a pesquisa mostra que 52% dos entrevistados acreditam que ela não merece continuar no cargo, contra 44% que apoiam sua reeleição. Já Jerônimo Rodrigues apresenta uma tendência mais favorável: 50% dos baianos querem sua permanência, enquanto 44% são contrários. Além disso, sua aprovação subiu sete pontos na última pesquisa, enquanto a de Lyra oscilou negativamente em três pontos. A pouco mais de um ano e meio da eleição, os cenários ainda podem mudar significativamente. Contudo, os governadores precisarão superar obstáculos para transformar aprovação em votos e garantir suas reeleições.