Queda na popularidade de Lula deu gás para movimento de pressão sobre o Planalto promovido por siglas que apoiaram Bolsonaro.
Centrão ameaça desembarque do governo Lula em meio à queda de popularidade
A queda na popularidade do presidente Lula reacendeu nos bastidores uma discussão que agora ganha os holofotes: o possível desembarque de partidos do Centrão do governo. Entre as siglas que avaliam romper com o Planalto está o PP (Progressistas), presidido pelo senador Ciro Nogueira. Segundo informações de Vera Magalhães, do jornal O Globo, o partido estuda devolver o comando do Ministério do Esporte, o que poderia reforçar a percepção de isolamento do governo e dificuldades na articulação política. Já o PSD, por outro lado, tende a permanecer aliado ao governo. A sigla faz parte do chamado "Centrão raiz", grupo que tradicionalmente mantém um pé em cada lado, apoiando tanto a base governista quanto nomes da oposição. Em entrevista ao Página Um, Nogueira confirmou que a saída do governo é debatida, mas ressaltou que ainda não há uma decisão definitiva: "Há uma pressão quase unânime pela saída, mas não há nenhuma decisão tomada", afirmou.
Movimentações nos bastidores
A possibilidade de rompimento com o governo Lula está diretamente ligada a outras articulações políticas. Antes de decidir sobre sua permanência no governo, o PP tem trabalhado para formar uma federação partidária com o União Brasil e o Republicanos. As conversas com o União Brasil avançam de forma mais concreta, enquanto o Republicanos, liderado por Marcos Pereira, demonstra resistência em aderir à federação. Se o acordo entre PP e União Brasil for selado, a tendência é que ambas as siglas aumentem a pressão e sinalizem uma debandada do governo. Outro fator que pode influenciar esse cenário é o papel de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, dentro do União Brasil. Ele pode ser determinante para segurar os ministros indicados pelo partido, minimizando os impactos de um eventual rompimento.
Desafios para o governo Lula
Esse cenário impõe um grande desafio para Gleisi Hoffmann, recém-nomeada ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e nova responsável pela articulação política do governo. Sua missão será impedir um esvaziamento da base governista no Congresso e evitar uma crise ainda maior. Além das dificuldades do governo, o movimento também reflete a fragmentação da centro-direita e da direita no Brasil. O PP e o Republicanos, que foram peças-chave na governabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, aos poucos se afastam de Lula. Enquanto isso, partidos como PSD e União Brasil seguem em posição estratégica, mantendo alianças flexíveis e aguardando um cenário mais definido para as eleições de 2026.