Em entrevista ao jornal O Povo, do Ceará, o presidente declara que taxar o aço e o alumínio não é bom para ninguém.
Lula critica novas tarifas dos EUA sobre aço e alumínio brasileiros e pede revisão da medida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como "equivocadas e injustificadas" as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio brasileiros.
Em entrevista ao jornal O Povo, do Ceará, nesta quarta-feira (19.mar.2025), Lula afirmou que a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump (Republicano), prejudica empresas de ambos os países. "Taxar o aço e o alumínio da forma como foi feito pelos Estados Unidos não traz benefícios para ninguém. Consideramos essa medida equivocada e injustificada, pois afeta tanto as empresas brasileiras quanto as norte-americanas, que há décadas mantêm uma relação de parceria e complementaridade", declarou Lula.
O presidente ressaltou que a produção de aço no Brasil depende da importação de insumos dos Estados Unidos, enquanto a indústria norte-americana utiliza produtos brasileiros em sua cadeia produtiva. "Não há motivo para atrapalhar essa relação que funciona tão bem. Por isso, estamos trabalhando com o setor privado para demonstrar que essa decisão precisa ser revista e que o bom senso deve prevalecer", afirmou. As declarações de Lula reforçam o posicionamento já manifestado por membros do governo, como o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin. Em 13 de março, Alckmin classificou a medida como "equivocada" e defendeu o diálogo com a Casa Branca para buscar uma solução. "O caminho não é olho por olho. Se for assim, todos sairão perdendo. O comércio exterior deve ser uma relação de ganha-ganha", disse o vice-presidente.
Início da taxação
As novas tarifas entraram em vigor em 12 de março e devem aumentar os preços ao consumidor final nos Estados Unidos. Embora o impacto para o Brasil não seja imediato, a longo prazo, a medida pode levar empresas norte-americanas a reduzirem ou desistirem da compra de aço e alumínio brasileiros devido ao aumento dos custos.
Histórico e justificativa da medida
Em 2018, os Estados Unidos impuseram tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados para impulsionar a indústria nacional. Alguns países, como o Brasil, conseguiram isenção, mas tiveram que cumprir cotas de exportação.
Agora, Trump argumenta que esses acordos não atingiram os objetivos esperados, pois as importações dos EUA continuaram abaixo da meta estipulada. O governo norte-americano justificou a retomada das tarifas alegando que países como Canadá, México, Coreia do Sul e Brasil aumentaram suas compras de aço e alumínio da China, o que, segundo Washington, prejudicaria a indústria dos Estados Unidos.
O governo brasileiro seguirá negociando com as autoridades norte-americanas para tentar reverter a medida e minimizar os impactos no comércio bilateral.