Enquanto Barreiras enfrenta entraves técnicos e busca manter sua posição, Luís Eduardo Magalhães avança em negociações para estrear na aviação comercial e mira voos próprios ainda em 2025
A apresentação da Bahia Farm Show 2025, realizada na última terça-feira (01/04), evidenciou mais do que as novidades da maior feira do agronegócio do Norte e Nordeste. Nos bastidores, uma disputa discreta ganhou forma: a corrida entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães pelo protagonismo na aviação comercial do Oeste da Bahia.
De um lado, o prefeito de Barreiras, Otoniel Teixeira, tenta conter a apreensão da população diante das incertezas envolvendo o aeroporto da cidade. Ele garante que não há risco de perda de voos ou fechamento da estrutura. “A chance de perdermos o aeroporto ou voos é zero”, assegurou, destacando sua atuação junto ao governo estadual, especialmente no acompanhamento das licitações das obras de ampliação da pista e do terminal de passageiros.
Enquanto isso, em Luís Eduardo Magalhães, o discurso é voltado para o futuro. O prefeito Júnior Marabá aposta na municipalização do aeroporto local e afirma já estar em negociações avançadas com uma companhia aérea. “Estamos evoluindo bem. Já temos tratativas e vamos conseguir efetivar voos comerciais”, declarou. Segundo ele, a cidade possui uma demanda reprimida significativa, alimentada pelo agronegócio pujante e pelas multinacionais que operam no município.
Apesar da tranquilidade transmitida pelo gestor de Barreiras, o aeroporto enfrenta um problema técnico que pode comprometer sua operação no curto prazo. A ANAC exige, até outubro de 2025, a instalação do sistema PAPI (luzes que orientam a aproximação das aeronaves) e da RESA (área de escape), sob pena de interdição da pista. Ambas as exigências integram a mesma obra de ampliação da pista, atualmente paralisada na fase de análise de recursos.
Segundo o movimento Decola Oeste, os equipamentos estão previstos apenas para a fase final da obra, o que inviabiliza o cumprimento do prazo da ANAC. Como solução emergencial, a entidade propõe a locação temporária do PAPI junto à Infraero, por um valor estimado entre R$ 30 mil e R$ 40 mil mensais. Caso o governo estadual não arque com o custo, a responsabilidade pode recair sobre a prefeitura ou até mesmo sobre o setor privado. “Não podemos aceitar que o PAPI venha apenas no fim da reforma. É preciso uma solução imediata”, defende o movimento.
Apesar de discursos conciliadores indicando que os dois aeroportos podem coexistir, os bastidores revelam uma corrida por protagonismo regional. “Barreiras sempre vai suprir uma demanda regional”, afirmou Júnior Marabá. “Acredito que os dois aeroportos funcionarão bem”, completou.
A disputa, no entanto, vai além da infraestrutura aeroportuária. Trata-se de uma batalha por investimentos, visibilidade e influência política. Barreiras, tradicional centro administrativo e logístico do Oeste, observa com atenção o avanço de Luís Eduardo Magalhães, cidade que vem ganhando força econômica e institucional com base no agronegócio.
O futuro da aviação na região não se resume a voos e pousos. Envolve estratégias de desenvolvimento, logística de escoamento de produção, turismo e capacidade de atrair grandes empresas. A conectividade aérea é vista como fator decisivo para ampliar a integração do interior da Bahia com os grandes centros do país.
Enquanto Barreiras se empenha para manter sua posição, Luís Eduardo Magalhães prepara sua decolagem. A dúvida que paira no ar é: quem vai chegar primeiro?