Com alíquotas de no mínimo 10%, medida visa fortalecer a indústria dos EUA, mas especialistas alertam para riscos inflacionários e efeitos globais.
As tarifas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump entram em vigor neste sábado (5) e passam a impactar diretamente o comércio entre os Estados Unidos e mais de 180 países e regiões, incluindo o Brasil. A medida impõe uma alíquota mínima de 10% sobre todas as importações brasileiras, com percentuais ainda mais altos aplicados a outras economias, como União Europeia (20%), China (34%), Coreia do Sul (25%) e Japão (24%).
Trump apresentou a iniciativa como um “Dia da Libertação”, defendendo que os EUA ficariam “livres” da dependência de produtos estrangeiros. Segundo ele, trata-se de uma “declaração de independência econômica”, cujo objetivo é fortalecer a produção nacional e proteger os empregos americanos.
Entre os argumentos favoráveis à medida está a ideia de incentivar o consumo interno, estimulando a indústria local por meio da substituição de importações. O ex-presidente também enxerga as tarifas como ferramenta de negociação em temas estratégicos, como segurança nas fronteiras. Logo no início de seu mandato, por exemplo, Trump anunciou tarifas contra México e Canadá como forma de pressionar ações contra o tráfico de drogas, especialmente o fentanil um opioide sintético altamente potente.
Por outro lado, economistas e especialistas destacam os riscos associados ao tarifaço. Um dos principais efeitos esperados é o aumento da inflação nos EUA, já que o encarecimento das importações tende a pressionar os preços ao consumidor. Além disso, há incertezas sobre a capacidade da indústria americana de suprir a demanda interna, o que pode gerar escassez de produtos e novos aumentos de preços.
Outro ponto de atenção é o impacto sobre a política monetária. A alta na inflação pode levar o Federal Reserve a manter juros elevados por mais tempo, o que desacelera a economia e fortalece o dólar em relação a outras moedas. Essa valorização do dólar tem efeitos globais: países como o Brasil podem ser pressionados a manter juros altos para conter a volatilidade cambial e o aumento do custo do crédito.
A medida marca uma escalada protecionista que deve repercutir no comércio global, reacendendo debates sobre os limites e as consequências de políticas comerciais unilaterais.