Ex-presidente participou da Brazil Conference, organizada por alunos de Harvard e MIT, e defendeu o diálogo entre os Poderes e o respeito à Constituição
Durante participação na Brazil Conference deste sábado (12), realizada em Boston, nos Estados Unidos, o ex-presidente Michel Temer (MDB) elogiou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e destacou o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) na preservação da democracia brasileira. O evento, promovido por estudantes brasileiros de Harvard e do MIT, reuniu autoridades e figuras públicas para discutir temas políticos e sociais do Brasil.
Em sua fala, Temer defendeu a importância do diálogo entre os Poderes e o respeito à Constituição, especialmente diante das tensões políticas em torno do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Questionado sobre qual conselho daria a Motta, Temer incentivou o parlamentar a buscar consensos institucionais e a manter a harmonia entre os Poderes.
“Como você harmoniza as relações institucionais se não dialogar com os demais Poderes?”, indagou. Ele classificou Motta como “jovem, mas muito competente” e o estimulou a exercer sua liderança com responsabilidade constitucional.
Nos bastidores, circulam informações de que Motta teria contado com o apoio do governo Lula para negociar com o STF uma possível redução de penas aos envolvidos nos atos antidemocráticos, como forma de conter a pressão de grupos políticos, especialmente do PL, favoráveis a uma anistia ampla.
Temer aproveitou o espaço para elogiar a atuação do STF, ressaltando a presença do ministro Gilmar Mendes na plateia. “Tenho convicção de que o STF seguirá cumprindo a Constituição e contribuindo para a democracia plena que temos no Brasil. O Supremo fez um esforço extraordinário para manter íntegra a democracia brasileira”, afirmou.
O ex-presidente também criticou o que chamou de “incivilidade política”, ao comentar sobre o comportamento de parte da oposição, que segundo ele, busca não apenas fiscalizar, mas enfraquecer o governo. Ele ainda lamentou as divisões internas no governo Lula, apontando que esses conflitos impactam negativamente a estabilidade política e a credibilidade do país.
“Quando um ministro piscava feio para o outro (no meu governo), eu chamava os dois e resolvia”, disse Temer, ao destacar a importância da articulação interna e do entendimento entre membros do Executivo.