Saída de Lupi ocorre após operação da PF revelar fraudes bilionárias em descontos indevidos de aposentadorias; escândalo foi exposto pelo Metrópoles
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), deixou o cargo nesta sexta-feira (2/5), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão ocorre em meio à pressão provocada pelo escândalo dos descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS, investigado pela Polícia Federal. O ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta e aliado de Lupi, foi escolhido para assumir o ministério.
A crise teve início com uma série de reportagens do portal Metrópoles, publicadas a partir de dezembro de 2023, que revelaram o crescimento acelerado da arrecadação de entidades que cobravam mensalidades de aposentados, muitas vezes sem consentimento. Em apenas um ano, essas cobranças chegaram a R$ 2 bilhões, enquanto associações ligadas ao caso enfrentavam milhares de ações judiciais por fraudes nas filiações de segurados.
As reportagens motivaram a abertura de investigações pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram citadas na representação que fundamentou a Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. A ação levou ao afastamento de integrantes da cúpula do INSS, incluindo o então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto indicado por Lupi.
Em pronunciamento pelas redes sociais, Carlos Lupi agradeceu a Lula pela confiança e disse que deixa o cargo com a consciência tranquila. “Meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações. Espero que os responsáveis sejam identificados e punidos com rigor”, afirmou. O ex-ministro também declarou que sua gestão apoiou todas as apurações desde o início.
Com a troca no comando, o governo tenta estancar a crise e manter a aliança com o PDT, ao mesmo tempo em que busca reforçar o controle sobre o INSS, um dos pilares da área social.